sexta-feira, 9 de março de 2012

Medo da Verdade - Capítulo 15 - A história de Marcio



Após uns vinte minutos caminhando chegamos a um lugar com vegetação de estepes, rasteira. Encantada, observei o lugar: a grama era verde e bem cuidada, havia apenas algumas árvores, mas elas eram incrivelmente preservadas, porém o que me deixou mais encantada foi a visão de onde aquele campa acabava, num precipício.
- Esse lugar é PERFEITO. – Elogiei com a voz enérgica, como se eu tivesse passado anos sem falar.
- Eu venho aqui sempre para cuidar das plantas, - disse e acrescentou – quando cheguei aqui há alguns anos fiquei maravilhado com o precipício, pois eu só via um nos filmes, mas a mata era alta e mal cuidada, então resolvi que iria transformar esse lugar num cenário como nos filmes.
- E conseguiu. – Concluí.
- Sabe. - começou – Eu nunca mostrei esse lugar a ninguém. Não por falta de vontade, mas porque ninguém nunca vem aqui.
- Por que ninguém nunca vem aqui? – Perguntei, mesmo já sabendo a resposta.
- Por causa de alguns fatos do passado que mudaram o rumo da minha vida.
- Márcio, - minha voz era doce e aveludada – não hesite em contar a verdade, você pode confiar em mim.
- O.k. – Concordou e soltou um longo suspiro. – Eu estou incluído num programa do governo de proteção á testemunhas de crimes. Há anos atrás, eu denunciei um esquema de tráfico de armas do Brasil para a Bolívia, ao qual eu já planejei algumas vezes. Foi numa época em que eu não conseguia um emprego, eu era diretor de planejamento de uma famosa empresa que faliu, por causa de dividas do dono. Então me rendi à vida do crime.
“Depois de algum tempo, eu já havia acumulado uma boa quantia que daria para eu levar uma vida simples até a aposentadoria, porém eu fui chamado pelo chefe do esquema, Romano, para planejar uma exportação de armas para uma possível Guerra Mundial. Isso ia além dos meus princípios. Foi aí então que eu recusei.”
“Romano não pedia, ordenava. E a minha recusa provocou sua ira. A única saída que encontrei foi contar sobre o esquema da Bolívia e me esconder no Programa de Proteção às Testemunhas.”
- E aqui estou. – Concluiu.
- Nossa que história. – Comentei.
- Eu não podia contar essa história a ninguém, mas você me passa uma sensação de confiança.
- Obrigado.  – Agradeci.

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