quinta-feira, 29 de março de 2012

Medo da Verdade - Capítulo 29 – A Nossa História



Marcio
Estela saiu a passos apressados em meio à multidão. Eu fiz menção de segui-la, mas Nicolas puxou meu braço com certa dosagem de força e perguntou o que eu imaginava:
- O que está havendo? – Ele perguntou com uma expressão séria e furiosa na face.
- É uma longa história. Uma história de anos, que só diz respeito a mim e a sua mãe. – Revelei.
- Eu sou uma parte da minha mãe. Então me diz respeito também. E a propósito eu adoro histórias. – Nicolas advertiu e comprimiu sua mão em meus braços, como se quisesse me forçar a dizer.
- Você realmente quer ouvir? Essa história pode mudar o rumo da sua vida? – Persuadi-o.
- Sim. – Assegurou-me com convicção.
- Então comece soltando suas mãos do meu braço. – Eu disse. – E vamos a um lugar mais reservado.
- O.k. – Concordou.
Nós fomos ao mesmo jardim em que eu e Estela conversamos estantes atrás. As luzes artificiais continuavam ligadas e não havia rastros de que ninguém havia ido lá desde que eu saí.
- Então, me conte o que está acontecendo. – Nicolas ordenou assim que sentamos no banco.
- Olhe, eu não sou obrigado a lhe contar nada, mas preciso de sua ajuda e sei que já é bem maduro e vai entender tudo, mas eu não vou receber ordens. – Adverti-o.
- Está bem e desculpe. – Concordou redimido.
- Tudo começou há 42 anos, - comecei. – eu morava na fronteira entre o Mato Grosso e o Pará. Uma mulher linda de cabelos negros, corpo sensual e olhos verdes vibrantes. De inicio estranhei alguém vir até minhas terras, mas ela me explicou que estava perdida e que ia à Belém. Neste mesmo dia, enquanto conversávamos essa mulher me seduziu e nós fomos até o final. Bem, essa mulher era Estela.
“No outro dia, ela havia acordado e me pedido para ficar mais uns dias, pois o seu pneu estava furado, eu disse que podia. Ela fez um almoço delicioso e eu fui mostrar a ela um precipício de beleza inigualável que se situava em minhas terras. Ela então me contou tudo. Toda a verdade e a verdade era que ela era uma espécie de agente de Augusto Romano, um mafioso ao qual eu também já havia trabalhado, mas que me arrependi e denunciei um de seus esquemas. Aquela denuncia me colocou em um programa de proteção a testemunhas e eu fui pra aquela fazenda.”
“Eu relevei tudo o que ela disse, por que ela me confessou que matava homens com veneno de cobra. Não sei por que perguntei isso, no entanto essa informação me parecia significativa e foi. Já era noite quando me recolhi e percebi que Estela já estava dormindo. De madrugada, senti uma dor enorme dentro de mim, como se um ácido estivesse circulando em minhas veias ao invés de sangue.”
“Estela acordou com meus gritos e me levou, aos prantos, para um hospital próximo. Lá ela informou a todos que era minha irmã e que seu nome era Patrícia Rangel. Assim que acordei na manhã seguinte, já recuperado, o médico me disse na presença de Estela que uma cobra havia me picado, e que ela sabia disso, mas não me contou.”
“No momento em que o médico disse isso eu culpei Estela, porque estava óbvio. Ela matava com veneno de cobras e eu havia sido envenenado. Assim que a culpei de tudo ela saiu correndo do hospital, com medo de ser denunciada. Mas isso a denunciava para mim, confirmava minhas suspeitas de que ela era culpada”
“Mas eu não a denunciei para policia, pois depois eu vi que eu realmente fui picado, por que a cobra tinha deixado um hematoma, que eu não tinha percebido. Eu perdi o amor da minha vida à toa.”

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