sexta-feira, 30 de março de 2012

Medo da Verdade - Capítulo 30 - Tentativas



- Isso tudo é mesmo verdade? – Nicolas perguntou estatelado.
- Sim, eu não inventaria isso. – Respondi com sinceridade. – E se há algo de grandioso que aprendi com Estela foi que: Falar a verdade dói, mas não dói mais que a culpa que trás uma mentira.
- Nossa então quer dizer que minha mãe era uma assassina e meu pai um mafioso. – Concluiu. – Eu deveria ter sido criado em uma família totalmente desestruturada, mas não. Eles abriram mão de tudo por mim e Helena. Por isso que a mamãe dizia que o papai investia. Ele se desfez de tudo que tinha investiu. Tudo faz sentido!
- Será que você não pode focar no ponto de vista que Estela e eu somos um casal separado pelo tempo e unido pelo destino? – Eu o trouxe a realidade.
- Desculpa Marcio. – Nick se redimiu. – Mas é que é difícil saber de todo o passado sujo dos meus pais e ainda ter que digerir que minha aos 74 anos está apaixonada.
- É justamente neste ponto que eu queria chegar. – Confessei. – Eu sempre fui apaixonado por Estela, mas não sabia que ela havia casado com Romano e formado uma família, então a 20 e poucos anos eu mandei por um fim na vida dele.
- Você o que? – Nicolas perguntou indignado. – Eu devia lhe denunciar...
- Mas você sabe que se me denunciar, em meu depoimento eu terei que falar meus motivos e dizer que sua mãe vivia do crime e ela iria para o xilindró comigo. – Completei.
- Não foi isso o que eu pensei. – Ele contrapôs – Mas vendo por este lado...
- O fato é que eu ainda amo a sua mãe e sei que sua mãe ainda me ama, no entanto quando eu confessei tudo ela disse que eu havia destruído uma família. – Fui mais claro.
- E destruiu mesmo! – Confirmou.
- Sua mãe foi egoísta. Pense em quantas vítimas eles fizeram, quantas famílias eles destruíram. Pense no quanto eles impediram num avanço de país que hoje é recordista em homicídios, em acidentes de carro, em tráfico de drogas e armas. Será que o meu erro foi tão grave assim? Será que só eu errei? Ou será que só eu não mereço perdão, uma segunda chance? – Expus a realidade para os seus olhos cegos diante dos fatos.
- Eu não sei o que fazer. Essa decisão não depende de mim. – Desabou.
- Depende sim. Se você conversar com sua mãe e enxergar que você não veria problemas em nós termos um relacionamento a esta altura do campeonato e com os nossos erros, Estela me dará uma chance. Eu tenho certeza. – Minha voz era serena e convincente.
 - E eu? Você não olha pro meu lado? Hoje é meu aniversário! Era para ser um dia feliz, mas eu descobri o passado dos meus pais. Um passado sujo, e ainda por cima minha mãe de 74 anos está apaixonada por o pai de um dos meus clientes. Isso me faz pensar que o mundo é pequeno, que o céu é pequeno, que o tempo é pequeno. – Desabafou.
- O mundo sempre será grande, o céu sempre será grande e o tempo sempre será grande para as mentes pequenas. – Corrigi-o. – Pense grande, pense no bem, pense no que será melhor, acabar com o resto de vida que ainda resta a mim e sua mãe ou nos dar um fim de existência tranqüilo e desejável.
- Eu vou conversar com a minha mãe, mas e a minha irmã? – Seu tom era agonizante.
- Para de pensar em problemas, sua irmã não precisa saber, esse vai ser o nosso segredo. – Solucionei.
- Então tá. – Concordou.
Ele se levantou e caminhou para o salão principal. Eu não sabia se ele iria falar com a mãe, se iria falar com os envidados ou se iria ignorar tudo o que estava acontecendo, mas de uma coisa eu sabia muito bem: Eu iria ficar com Estela.
Levantei do banco e fui ao salão também, mas ao invés de vigiar Nicolas ou conversar um pouco, eu fui à saída. Olhei para o transito rápido lá fora, os carros passando, o tempo passando e cada minuto passado, era um minuto a menos com Estela.


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