- Olá, Renato. – Eu cumprimentei
o adorável sogro de Helena.
-Boa Noite Estela, sempre
elegante. – Retribui.
- São seus olhos queridos. –
Fiquei sem graça.
Helena e Marcos sempre ficavam
desajeitados quando eu e Renato trocávamos elogios. Não era nada demais, não
haveria nada entre a gente. Irritar minha filha e meu genro era um dos poucos
prazeres que ainda me restavam.
Nós trocávamos idéias enquanto
Joaquim adormecia lentamente. Com pouco tempo, eu fui ao toalete e assim que
sai uma música linda e romântica começou a tocar. Olhei de relance para a mesa
e percebi que Marcos e Helena haviam ido dançar enquanto Renato cuidava de
Joaquim.
Senti alguém cutucando meu ombro
direito e quando olhei, era um senhor alto, não muito gordo, cabelos bem
penteados e smoking. Olhei para os
seus olhos castanhos e senti um arrepio na espinha, como se já os conhecesse,
mas era impossível, nunca vi aquele senhor na minha vida, mas quanto aos olhos
já não tenho a mesma certeza.
- Quer dançar? – Convidou-me, sua
mão estendida, ele era um senhor à moda antiga.
- Claro. – Aceitei e lhe dei a
mão para que ele a beijasse.
A música ressonava lenta. Pude
captar alguns versos:
Tentei
falar e pude ver o quanto errei te amei mais que a mim. Ah bem mais que a
mim...
Aquela música me lembrou o Márcio e foi aí que
percebi que o senhor estava tentando puxar conversa.
- Eu posso saber seu nome? – Ele perguntou e eu por
fim ouvi.
- Ah claro que pode. Meu nome é Estela. – Respondi.
– E o seu qual é?
Passou-se um longo tempo até que ele me respondeu,
sua voz estava tremula como se algo tivesse lhe apunhalado.
- Meu nome é Marcio.
Meu Deus, que coincidência. A música havia me feito
lembrar o Marcio, o meu Marcio. Mas os dois não eram o mesmo.
- Marcio de que? – Fiquei curiosa.
- Rangel. Sou pai do Theodoro. Eu vi vocês
conversando mais cedo. – Assim que ele me disse isso foi a minha vez de ficar
tremula. Agora eu sabia o porquê daqueles olhos me parecerem familiar.
- Nossa você de repente ficou desconcertada. O que
foi?
- Marcio, sou eu Estela. Estela Magneto.
- Estela, é você mesma? – Perguntou olhando nos meus
olhos.
- Sim, sou eu. – Confirmei.
- Eu sabia que conhecia esses olhos. – Concluiu.
- Eu pensei a mesma coisa.
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