terça-feira, 27 de março de 2012

Medo da Verdade - Capítulo 27 – O meu Marcio



- Olá, Renato. – Eu cumprimentei o adorável sogro de Helena.
-Boa Noite Estela, sempre elegante. – Retribui.
- São seus olhos queridos. – Fiquei sem graça.         
Helena e Marcos sempre ficavam desajeitados quando eu e Renato trocávamos elogios. Não era nada demais, não haveria nada entre a gente. Irritar minha filha e meu genro era um dos poucos prazeres que ainda me restavam.
Nós trocávamos idéias enquanto Joaquim adormecia lentamente. Com pouco tempo, eu fui ao toalete e assim que sai uma música linda e romântica começou a tocar. Olhei de relance para a mesa e percebi que Marcos e Helena haviam ido dançar enquanto Renato cuidava de Joaquim.
Senti alguém cutucando meu ombro direito e quando olhei, era um senhor alto, não muito gordo, cabelos bem penteados e smoking. Olhei para os seus olhos castanhos e senti um arrepio na espinha, como se já os conhecesse, mas era impossível, nunca vi aquele senhor na minha vida, mas quanto aos olhos já não tenho a mesma certeza.
- Quer dançar? – Convidou-me, sua mão estendida, ele era um senhor à moda antiga.
- Claro. – Aceitei e lhe dei a mão para que ele a beijasse.
A música ressonava lenta. Pude captar alguns versos:
Tentei falar e pude ver o quanto errei te amei mais que a mim. Ah bem mais que a mim...
Aquela música me lembrou o Márcio e foi aí que percebi que o senhor estava tentando puxar conversa.
- Eu posso saber seu nome? – Ele perguntou e eu por fim ouvi.
- Ah claro que pode. Meu nome é Estela. – Respondi. – E o seu qual é?
Passou-se um longo tempo até que ele me respondeu, sua voz estava tremula como se algo tivesse lhe apunhalado.
- Meu nome é Marcio.
Meu Deus, que coincidência. A música havia me feito lembrar o Marcio, o meu Marcio. Mas os dois não eram o mesmo.
- Marcio de que? – Fiquei curiosa.
- Rangel. Sou pai do Theodoro. Eu vi vocês conversando mais cedo. – Assim que ele me disse isso foi a minha vez de ficar tremula. Agora eu sabia o porquê daqueles olhos me parecerem familiar.
- Nossa você de repente ficou desconcertada. O que foi?
- Marcio, sou eu Estela. Estela Magneto.
- Estela, é você mesma? – Perguntou olhando nos meus olhos.
- Sim, sou eu. – Confirmei.
- Eu sabia que conhecia esses olhos. – Concluiu.
- Eu pensei a mesma coisa.

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