segunda-feira, 2 de abril de 2012

Medo da Verdade - Capítulo 31 – A ficha caiu - [Últimos Capítulos]




Estela
Fiquei sentada na cadeira, absolutamente imóvel. Renato me encarava, como se quisesse saber o que se passava comigo, mas algo o reaprendia de fazer isso. Resolvi tomar mais um gole de champanhe, no entanto eu queria algo mais forte – Whisky, Vodka ou a Pinga Fogo, que provei no nordeste. -, mas se pedisse a Helena ou a Nicolas eles iam me jogar na ponte. Ri com meus próprios pensamentos.
Uma mão tocou se apoiou em meus ombros, de cara percebi que era uma mão masculina. Marcio!? Pensei. Olhei para cima e vi que era Nicolas, ele suspirou e disse, por fim:
- Mamãe, - me olhou com um olhar de censura. – precisamos conversar.
- Está bem querido. Vamos. – Eu disse e me levantei.
Nós fomos a um mesmo jardinzinho que eu fui falar com Marcio. Por um momento o imaginei ali, me esperando, isso me trouxe lembranças da nossa única noite de amor. Sentamos naquele mesmo banco, iluminado por luzes artificiais.
- Então, - comecei. – o que você quer falar comigo?
Antes que ele pudesse responder, eu pensei no quanto nossa relação mãe-filho era aberta, Nicolas sempre confiou muito em mim e me contava tudo, mesmo sentindo a ausência do pai ele sabia que podia confiar em mim para tudo e eu percebi que tudo o que ele me diria naquele momento seria um desabafo.
- Eu conversei com o Marcio, e ele me contou tudo. - Simplificou.
- Tudo é exatamente o quê? – Engoli em seco.
- Tudo. Sobre meu pai, a senhora e o Marcio. E meu Deus parece coisa de novela. Meu pai e minha eram criminosos, minha mãe tem 74 anos e está apaixonada, mas ela tá apaixonada pelo cara que mandou matar meu pai. É muito difícil pra mim digerir isto. – Soltou.
- Meu Deus! – Senti uma pontada no peito, o ar me faltava e minhas pálpebras vacilavam.
- Calma mãe. – Nick me disse em tom reconfortante, pegando minha mão para me tranqüilizar.
- Como eu posso ficar calma, eu não consigo imaginar qual a sua reação. – Falei aos prantos.
- No começo eu me revoltei, mas o Marcio me disse algo que me fez refletir mais. Ele me disse: Pense grande, pense no bem, pense no que será melhor. E foi isso que eu fiz, não fui egoísta, é tão raro ver alguém da terceira idade apaixonado, eu não vou ser o motivo da destruição de um amor tão intenso. Eu estou depositando minha fé em vocês, quero que me provem que um dia eu sentirei um amor tão intenso quanto o vosso.
Meus ouvidos não aceitavam o que eu estava ouvindo. Há anos que eu fico imaginando qual seria a reação de Nicolas, caso soubesse do meu passado e o Marcio conseguiu abrandá-lo, com palavras, com... amor!?
- Onde o Marcio está? – Perguntei desesperadamente.
- Não sei bem, - respondeu. – mas tenho a impressão de que o vi indo em direção à saída.

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