Estela
Fiquei sentada na cadeira,
absolutamente imóvel. Renato me encarava, como se quisesse saber o que se
passava comigo, mas algo o reaprendia de fazer isso. Resolvi tomar mais um gole
de champanhe, no entanto eu queria algo mais forte – Whisky, Vodka ou a Pinga
Fogo, que provei no nordeste. -, mas se pedisse a Helena ou a Nicolas eles iam
me jogar na ponte. Ri com meus próprios pensamentos.
Uma mão tocou se apoiou em meus
ombros, de cara percebi que era uma mão masculina. Marcio!? Pensei. Olhei para cima e vi que
era Nicolas, ele suspirou e disse, por fim:
- Mamãe, - me olhou com um olhar
de censura. – precisamos conversar.
- Está bem querido. Vamos. – Eu
disse e me levantei.
Nós fomos a um mesmo jardinzinho
que eu fui falar com Marcio. Por um momento o imaginei ali, me esperando, isso
me trouxe lembranças da nossa única
noite de amor. Sentamos naquele mesmo banco, iluminado por luzes artificiais.
- Então, - comecei. – o que você
quer falar comigo?
Antes que ele pudesse responder,
eu pensei no quanto nossa relação mãe-filho era aberta, Nicolas sempre confiou
muito em mim e me contava tudo, mesmo sentindo a ausência do pai ele sabia que
podia confiar em mim para tudo e eu percebi que tudo o que ele me diria naquele
momento seria um desabafo.
- Eu conversei com o Marcio, e
ele me contou tudo. - Simplificou.
- Tudo é exatamente o quê? –
Engoli em seco.
- Tudo. Sobre meu pai, a senhora
e o Marcio. E meu Deus parece coisa de novela. Meu pai e minha eram criminosos,
minha mãe tem 74 anos e está apaixonada, mas ela tá apaixonada pelo cara que
mandou matar meu pai. É muito difícil pra mim digerir isto. – Soltou.
- Meu Deus! – Senti uma pontada
no peito, o ar me faltava e minhas pálpebras vacilavam.
- Calma mãe. – Nick me disse em
tom reconfortante, pegando minha mão para me tranqüilizar.
- Como eu posso ficar calma, eu
não consigo imaginar qual a sua reação. – Falei aos prantos.
- No começo eu me revoltei, mas o
Marcio me disse algo que me fez refletir mais. Ele me disse: Pense
grande, pense no bem, pense no que será melhor. E foi isso que eu fiz, não fui
egoísta, é tão raro ver alguém da terceira idade apaixonado, eu não vou ser o
motivo da destruição de um amor tão intenso. Eu estou depositando minha fé em
vocês, quero que me provem que um dia eu sentirei um amor tão intenso quanto o
vosso.
Meus ouvidos não aceitavam o que
eu estava ouvindo. Há anos que eu fico imaginando qual seria a reação de
Nicolas, caso soubesse do meu passado e o Marcio conseguiu abrandá-lo, com
palavras, com... amor!?
- Onde o Marcio está? – Perguntei
desesperadamente.
- Não sei bem, - respondeu. – mas
tenho a impressão de que o vi indo em direção à saída.
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