Meu coração bateu mais forte,
tive a sensação de que ele poderia sair pela minha boca a qualquer momento. Eu
sabia que não podia correr por dois fatores: A idade não fazia mais de mim uma
mulher ágil e, o vestido longo não facilitava o desencadeamento dos meus
movimentos. Porém, mesmo assim, eu apressei o passo para a velocidade mais
rápida que pude. Marcio não pode ir embora. Eu não posso deixar que isso
aconteça.
De repente, tudo parecia estar em
câmera lenta, no entanto eu não assimilava o que ocorria a minha volta apenas
tinha um foco, como quando eu tinha trinta anos, se o meu foco era matar, eu iria matar.
Finalmente cheguei à saída, mas
não havia ninguém lá, além dos seguranças.
- Por favor, - chamei a um deles
– você pode me informar se um senhor de aproximadamente 80 anos, moreno, alto,
esteve aqui neste instante?
- Sim, - respondeu imediatamente.
– ele está entrando naquele táxi. – apontou para o táxi.
- MARCIO. – Eu gritei, mas duvido
que ele tenha ouvido, primeiro porque minha voz não tem mais capacidade de
gritar tão alto e ele não tem mais capacidade de captar sons ao longe.
Eu peguei o primeiro táxi que vi
e disse uma frase que sempre sonhei pronunciar: SIGA AQUELE TÁXI.
O motorista seguiu minhas
instruções a risca, permanecemos na cola do táxi do Márcio por um bom tempo,
até que tivemos que parar em um semáforo e a distancia entre nós era de dois
carros. O sinal abriu e nós continuamos os seguindo, eu não sabia para onde ele
ia, mas tinha certeza de que ia para Copacabana, talvez ele tivesse hospedado
pelas redondezas de lá, porém minha intuição não acreditava nisto. Ele ia para
o Mar.
Chegamos ao calçadão e o carro em
que ele estava parou. Olhei para o taxímetro e a conta havia dado R$ 40,00, eu
tirei uma nota de cinqüenta reais da bolsa e dei ao taxista. Saí correndo do
carro, meu vestido longo arrastando no chão e depois na areia. Parei para
respirar.
Marcio para em um ponto onde a
maré tocava seus pés, molhavam seus sapatos, foi então que ele se ajoelhou e
molhou a calça. Fiquei preocupada, ele podia estar sofrendo uma queda de
pressão. Aproximei-me e apoiei minha mão em seus ombros, parecia não ter
percebido minha presença, no entanto eu percebi que lágrimas saiam de seus
olhos desacompanhados do soluço, é como se ele tivesse parado de respirar.
- MARCIO! – Gritei aos prantos.
Mas seu corpo caiu desfalecido. Arrastei seu corpo de volta à areia e chamei
outro táxi. O motorista levou Marcio para o carro e nós fomos para o hospital
São Luiz.
Chegamos lá em dez minutos que me
pareceram dez anos. Os enfermeiros encaminharam Marcio para a UTI já com uma
máscara de oxigênio enquanto eu dava entrada em tudo. Liguei para Nicolas e ele
passou o telefone para Theodoro então pedi todos os dados necessários para a
fixa e ao fim da ligação comuniquei que Marcio estava desacordado na UTI.
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