terça-feira, 3 de abril de 2012

Medo da Verdade - Capítulo 32 - Desespero [Últimos Capítulos]



Meu coração bateu mais forte, tive a sensação de que ele poderia sair pela minha boca a qualquer momento. Eu sabia que não podia correr por dois fatores: A idade não fazia mais de mim uma mulher ágil e, o vestido longo não facilitava o desencadeamento dos meus movimentos. Porém, mesmo assim, eu apressei o passo para a velocidade mais rápida que pude. Marcio não pode ir embora. Eu não posso deixar que isso aconteça.
De repente, tudo parecia estar em câmera lenta, no entanto eu não assimilava o que ocorria a minha volta apenas tinha um foco, como quando eu tinha trinta anos, se o meu foco era matar, eu iria matar.
Finalmente cheguei à saída, mas não havia ninguém lá, além dos seguranças.
- Por favor, - chamei a um deles – você pode me informar se um senhor de aproximadamente 80 anos, moreno, alto, esteve aqui neste instante?
- Sim, - respondeu imediatamente. – ele está entrando naquele táxi. – apontou para o táxi.
- MARCIO. – Eu gritei, mas duvido que ele tenha ouvido, primeiro porque minha voz não tem mais capacidade de gritar tão alto e ele não tem mais capacidade de captar sons ao longe.
Eu peguei o primeiro táxi que vi e disse uma frase que sempre sonhei pronunciar: SIGA AQUELE TÁXI.
O motorista seguiu minhas instruções a risca, permanecemos na cola do táxi do Márcio por um bom tempo, até que tivemos que parar em um semáforo e a distancia entre nós era de dois carros. O sinal abriu e nós continuamos os seguindo, eu não sabia para onde ele ia, mas tinha certeza de que ia para Copacabana, talvez ele tivesse hospedado pelas redondezas de lá, porém minha intuição não acreditava nisto. Ele ia para o Mar.
Chegamos ao calçadão e o carro em que ele estava parou. Olhei para o taxímetro e a conta havia dado R$ 40,00, eu tirei uma nota de cinqüenta reais da bolsa e dei ao taxista. Saí correndo do carro, meu vestido longo arrastando no chão e depois na areia. Parei para respirar.
Marcio para em um ponto onde a maré tocava seus pés, molhavam seus sapatos, foi então que ele se ajoelhou e molhou a calça. Fiquei preocupada, ele podia estar sofrendo uma queda de pressão. Aproximei-me e apoiei minha mão em seus ombros, parecia não ter percebido minha presença, no entanto eu percebi que lágrimas saiam de seus olhos desacompanhados do soluço, é como se ele tivesse parado de respirar.
- MARCIO! – Gritei aos prantos. Mas seu corpo caiu desfalecido. Arrastei seu corpo de volta à areia e chamei outro táxi. O motorista levou Marcio para o carro e nós fomos para o hospital São Luiz.
Chegamos lá em dez minutos que me pareceram dez anos. Os enfermeiros encaminharam Marcio para a UTI já com uma máscara de oxigênio enquanto eu dava entrada em tudo. Liguei para Nicolas e ele passou o telefone para Theodoro então pedi todos os dados necessários para a fixa e ao fim da ligação comuniquei que Marcio estava desacordado na UTI. 

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