Depois disso, retornamos à casa. Lá eu comecei a preparar
o jantar, uma sopa de legumes, e ele foi tomar banho. Sobre o que ocorreu mais
cedo, eu falei a verdade. O amor é um sentimento espontâneo, nasce de olhar,
cresce de um toque, morre em uma mentira e renasce em um perdão. Não sei se vou
voltar. Talvez eu consiga passar o resto da minha vida em uma fazenda, contando
que ele estivesse ao meu lado, mas ele quer estar ao meu lado durante o resto
da sua vida? Será que ele está preparado para receber a imensidão do meu amor?
Será? Isso só com o tempo poderá ser respondido.
Quando ele saiu do banheiro e a
sopa finalmente estava pronta, entrei no banho sem trocar uma palavra com ele.
Quando acabei, fui jantar, olhei para a pia e vi que ele já havia jantado.
Ótimo. O clima entre nós estava muito tenso, não sei se posso agüentar isso.
Depois que eu jantei e limpei a
cozinha, vi que ainda era cedo e peguei um livro para ler. O livro era A Megera
Domada de William Shakespeare. Quando já era mais de dez da noite fui me
deitar. Márcio estava no banheiro lavando um machucado.
- O que houve? – Eu quis saber.
- Eu apenas me cortei. –
Explicou.
- Por que você está assim comigo?
– Questionei.
- Assim como? – Complementou.
- Assim, diferente. – Respondi.
- Você diz que veio aqui com o
dever de extorquir minha vida e quer que eu fique normal?
- Mas eu lhe disse a verdade.
- Por favor, Estela, deixe eu me
acostumar com esta idéia.
- O.k. – Concordei – vou me
deitar. Boa Noite!
Então fui para a cama, fechei os
olhos, por minutos ouvi minha respiração tranqüila, mas meus pensamentos
estavam a mil, e só depois de horas pensando e repensado no que eu faria daqui
para frente, meu corpo deu trégua e eu adormeci.
Acordei com um grito ensurdecedor
do Marcio no meio da noite. Seus olhos estavam fechados, sua testa franzida, e
estava gritando muito. Um grito de dor. A princípio eu pensei que algum agente
do Romano estava lá, mas não, ele gritava segurando a perna, aonde havia o
corte, deve ter sido alguma infecção.
Sem pensar duas vezes eu o levei
para o meu carro e o acomodei no banco de trás, os gritos iam parando aos
poucos, mas ainda expressavam que ele estava sentindo muita dor, e estava muito
fraco, a medida que gritava sua força se esvaia, e no momento em que parou,
percebi que a dor ainda era a mesma, porém não tinha mais forças para gritar.
Mesmo estando a 120 km/h, demorei
três horas para chegar numa cidadezinha próxima, perguntei a um vigilante
noturno onde ficava o hospital e ele me mostrou. Ao chegar, enquanto o
colocavam em uma maca eu dei entrada com infecção e disse que eu era irmã dele
e meu nome era Patrícia Rangel irmã de Marcio Rangel.
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