Assim que entrei, mirei sua face
apática e amarelada, afaguei sua testa, sentei ao pé da cama e aconcheguei sua
cabeça em meu tórax, ao mesmo tempo em que lhe fazia cafunés.
Ao que me pareceu pouco tempo,
ele despertou. Seu olhar estava cansado, vê-lo enfermo me atingia a
consciência.
- Olá. – Eu disse com uma voz
aveludada.
- Olá. – Retribuiu com uma voz
rouca e arrastada.
- Como está se sentindo?
- Estou sentindo meu sangue
ardendo por entre as minhas veias, e um extremo cansaço nos meus músculos.
- Não se
preocupe você vai ficar bem…
Então o Dr. Juarez entrou na sala
e esboçou um sorriso ao olhar para Marcio desperto.
- Bom Dia. – Cumprimentou-nos.
- Bom Dia. – Eu e Marcio falamos
junto em perfeita sincronia.
- Como vai? – Perguntou a Marcio.
Como resposta Marcio repetiu-lhe
a mesma coisa que havia me dito.
- Por sorte, a picada que você
sofreu foi de uma cobra cujo veneno não causa morte instantânea.
- Picada de cobra?
- Sim. Sua irmã não lhe contou?
- Espere aí. Eu fui picado por
uma cobra.
- É isso mesmo.
- Desculpa Marcio, mas é que não
tive tempo.
- Doutor, o senhor poderia nos
dar um segundinho a sós? – Marcio pediu licença com a voz um pouco alterada.
- Como quiserem. – O Dr. Juarez
concordou.
Assim que ele saiu, Marcio soltou
um suspiro de alivio e depois dirigiu um olhar de censura para mim.
- Quer dizer que eu fui picado
por uma cobra e você disse ao médico que era minha irmã? – Sua voz era irônica.
Apenas concordei com a cabeça
como resposta.
- Pare Estela! Eu não sou idiota.
Tudo está bem claro para mim.
- O quê? Como assim?
- Não se faça de fingida, mas eu
vou deixar tudo bem claro para mim. Ontem á noite você tentou me matar com uma
das suas injeções de veneno de cobra, porém quando me ouviu gritar se arrependeu
e me trouxe até aqui e se cadastrou como minha irmã, provavelmente com um nome
falso e o meu sobrenome para não levantar suspeita, caso eu descobrisse tudo o
que se passava.
- Como você pode pensar isso de
mim?
- Desta vez você não vai
conseguir se safar, eu vou denunciar você.
- Não Marcio, por favor. Eu não
fiz nada contra você. - Implorei.
- Se não quiser que eu diga que
você tentou me matar, saia daqui agora, e nunca mais apareça na minha frente.
Assim que ele proferiu estas
palavras meus olhos irromperam em lágrimas e eu saí correndo para fora do
hospital. Enquanto eu corria pude perceber os olhares curiosos que me acompanhavam.
Essa foi a última vez que vi o
Marcio, depois de sair correndo como uma louca pelo hospital, eu peguei meu
carro e dirigi de volta à São Paulo.
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