segunda-feira, 26 de março de 2012

Medo da Verdade - Capitulo 26 – A escolha



Uma semana depois do pedido nós fomos a Roma. Eu já havia ido lá a um ano e meio atrás, porém estava sozinha e ter Romano acordando todos os dias ao meu lado distancia a depressão.
Casamos-nos pouco depois de termos chegado, foi apenas no civil, pois Romano não era religioso e eu desobedeci a quase todos os dez mandamentos da Lei de Deus. A cerimônia foi simples, só haviam comparecido os noivos e os padrinhos.
A noite de núpcias ocorreu em Viena, a lua brilhava intensamente no céu italiano, Romano embora mais velho que eu dez anos, satisfazia-me, no entanto o que senti por ele nunca deixou de ser carnal, nunca.
Dois anos depois Nicolas nasceu, trouxe-nos alegria e graças a ele nós, eu e Augusto – Romano – deixamos a vida do crime, depois de que briguei muito eu consegui convencê-lo que nenhuma criança merece ter pais na vida do crime.
- Augusto, - iniciei quando fui dar a ele a grande noticia – preciso lhe falar algo muito serio. Algo que terá de mudar o rumo da nossa vida.
- Fale. – disse. – Agora você me deixou curioso!
- Eu estou grávida. – Soltei.
Um sorriso nasceu de sua face antes que pudesse falar qualquer coisa.
- Isso é ótimo! – Explodiu. – Mas por que isso mudará o rumo da nossa vida?
- Por que nenhuma criança merece ter uma mãe assina e um pai mafioso. – Respondi.
- Mas isso é como pedir a um pássaro para deixar de voar. – Comparou e eu vi em seus olhos que toda alegria que soltou quando soube que seria pai se esvaiu como se uma brisa houvesse passado e levado consigo aquela emoção.
- Romano, por favor. A nossa vida está estável, sua conta bancária está bem gorda. Faça investimentos, eles estão em alta. Mas a segurança do nosso filho é que deve estar em primeiro plano, você tem muitos inimigos e eu também já fiz os meus. Temos que prezar a segurança dele e dos outros que virão. – Minha voz saia muito rápida e eu não sei se ele pode depreender tudo o que eu disse.
- Pensando por este lado... – Ele iniciou o que seria uma longa reflexão, que talvez o levasse a repensar sobre toda a sua vida.
- Augusto, eu não pedi. Eu não lhe dei duas opções. Eu tomei essa decisão por mim e por você. – Minha voz de repente mudou para um tom seguro e autoritário exatamente como o de Romano.
- Estela, minha querida. Você sabe que eu não recebo ordens. – Esclareceu.
- E você, Romano, é bem capaz de entender que eu não dei uma ordem. Eu tomei uma decisão! – Meu tom estava cada vez mais seguro e eu tinha a certeza de ele nos levaria a uma discussão.
- Esse tom não faz seu gênero Estela. Você é a mulher meiga por quem eu me apaixonei. – Augusto tentou me tranqüilizar com uma voz pacifista.
- Você não me conhece mais. Agora eu sou mãe, sou uma leoa selvagem. – Deixei bem claro. – Definitivamente eu nunca mais estarei sozinha.
- Então está bem! – Encerrou. – Eu vou me desfazer dos meus negócios e nós vamos ser uma família comum.
- Era justamente isso que eu queria ouvir. – Desafiei.
- Pois já ouviu. Assunto encerrado. – Concluiu.
No fundo eu sabia que o assunto não estava encerrado e que ele queria me enrolar, porém eu não era uma besta e acompanhei o encerramento de tudo. Os esquemas foram acabando, os funcionários dispensados, os vagões foram vendidos e quase seis meses depois daquela conversar eu pude ver que Romano não fazia mais parte daquela realidade.
Dois meses depois do fechamento dos negócios, Nicolas nasceu. Lindo. Olhos azuis, pele branca e cabelos negros. Se parecia muito com Romanos.

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