Agora tudo fazia sentido. O toque e o olhar
familiar, mas quando eu imaginava um possível reencontro com ele, o Marcio
seria bem triste e não um velho inquieto, como Theodoro dissera. Ele olhava diretamente
para meus olhos, em um momento pensei que ele fosse me beijar, mas não.
- Eu tenho tanto para lhe falar! – Exclamou. – Vamos
lá fora.
- Tudo bem. – Concordei.
Ele me guiou para um jardim anexo ao salão de
festas. Lá havia um banquinho iluminado por luzes artificiais que vinham do
chão. Sentamos e percebi que algo o impedia de falar.
- O que tinha para me dizer? – Disse segurando sua
mão, para lhe proporcionar uma sensação de segurança.
- Eu fiz uma coisa, para me vingar. – Disse entre
dentes.
- Se vingar de mim? – Perguntei ansiosa.
- Não, acho que você não foi atingida por essa
vingança. - Explicou.
- O que foi? – Eu quis saber.
- Eu mandei matar Romano, e consegui. – Concluiu.
- Então foi você? – Disse em choque.
- Sim. – Admitiu.
- Você mandou matar o pai dos meus filhos. Deixou-me
viúva. Você foi o motivo das lágrimas que meus olhos derramaram quando via
Nicolas correndo para a porta quando alguém tocava a campainha. Ele gritava:
PAPAI. Você tirou a infância de duas crianças inocentes. Seu MONSTRO. – Desabei
e levantei do banco.
- Como assim? – Disse e se levantou também. – Você
casou aquele com inescrupuloso? Você disse que me amava e casa com o meu
inimigo.
- Não deboche. Assim que eu retornei, ele me pediu
em casamento e eu aceitei. – Expliquei aos gritos.
- Então se case comigo. – Pediu.
- Nunca. Nunca me casarei com o homem que tirou a
vida do pai dos meus filhos. Para você pode não ter sido nada, mas para mim foi
o cumulo. – Recusei.
Sai com passos apressados daquele jardim. As lagrimas
escorrendo do meu rosto. Nicolas me parou no meio do caminho. Ele ainda estava
conversando no mesmo local com Theodoro.
- Mamãe? O que houve? – Ele quis saber.
- Nada meu filho. É só a velhice que me faz chorar
com facilidade. – Menti.
Marcio chegou de inesperado e me olhou como quem
havia encontrado um tesouro.
- Aí está você. – Disse para mim.
- Então vocês já se conhecem? – Theodoro
interrompeu.
- De muito tempo. – Marcio respondeu.
- Que bom então. – Nicolas comemorou.
- Não é bom. Eu não quero vê-lo. Não há espaço para
nós dois nesta festa. – Contrapus.
- Mas o que ele lhe fez de tão grave? – Nicolas
perguntou.
- É uma longa história. – Apenas respondi e sai.
Fui andando em direção à mesa, estava com medo de
que Nicolas, Marcio ou Theodoro estivessem me seguindo. Precisava ficar sozinha
e digerir todos aqueles fatos. Sentei a mesa que eu estava antes. Todos já
haviam retornado. Tomei um gole do vinho tinto que estava lá e suspirei.
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