CENA 1. SANTELMO. MINA ABANDONADA. DIA
Frank saca sua arma e aponta para Daniel. CAM mostra os
dois se encarando. Frank movimente seu dedo para apertar no gatilho. Ouvi-se um
tiro. Daniel fecha os olhos e bota as mãos no peito procurando onde foi
atingido, ele abre os olhos e vê Frank caindo morto em sua frente e Sófia atrás
dele com uma arma apontada.
Soraya – Ahhh, o quê que você fez!
Sófia aponta a arma pra Soraya.
Sófia – Me devolve o Paul Júnior! Não
se atreva a pegar sua arma senão eu atiro.
Soraya – Oh! Francamente, larga essa
arma!
Sófia – Ou você me devolve por bem ou
por mal.
Soraya – Até parece que eu vou ter
medo de você!
Sófia aponta a arma pra cabeça de Soraya e aperta no
gatilho. Porém, não sai bala. Soraya começa a ri, Sófia se frustra.
Soraya – (RISOS). Ai, ai! Tá sem
balas minha querida.
Sófia – Que estranho! Eu botei bala.
Sófia joga pro chão atrás dela. O revólver começa a
disparar. Todos se assustam e tentam se proteger. O revólver gira no chão
disparando pra todos os lados, uma das balas atinge uma pedra. Os tiros param.
A pedra desaba na estrada da Mina, trazendo poeira pra todo lado.
CENA 2. FAZENDA DE ADMA. QUARTO DE OTÁVIA. DIA
Otávia – Embora, mamãe?
Arlette – É... Vai ter um campeonato
de surfe lá na Austrália e eu vou com o Peter. É só uma pequena temporada.
Otávia – A última pequena temporada
foram 20 anos. Poxa, eu não queria que você fosse!
Arlette – Fique com a Cacilda.
Otávia – Não sei não hein, titia anda
muito desvirtuada.
Arlette – Magina, ela é uma santa em
forma de gente.
CENA 3. CASSINO. JOGATINA. DIA
Cacilda está sentada no bar com roupas de rameira.
Absurd vai até ela.
Absurd – Cacilda, precisamos discutir
sobre nossa relação.
Cacilda – Agora não, Absurd! Não vem
que não tem. Não vê que eu não to trabalhando?
Absurd – Enfim... Eu queria te
convidar pra ir à entrega de prêmio dos melhores cientistas do ano, que por
sinal eu não ganhei em nenhuma categoria.
Cacilda – Hum... Você não inventou
nada que preste né? Eu vou sim, aquele cientista que ficou com o seu cargo na
empresa de invenções vai tá lá?
Absurd – Pior que vai, mais vai ser
um encontro entre os cientistas da região. Vai ser aqui mesmo no Cassino. Hoje
á noite!
Cacilda – Ok! Eu vou.
CENA 4. SANTELMO. MINA ABANDONADA. DIA
Soraya – Olha o que você fez, sua
idiota!
Sófia – Você que nós trouxe pra cá.
Anete – Calma! A gente tem que achar
uma saída.
Soraya – A gente não! Vocês não vão
sair daqui vivos mesmo. Principalmente você, Anete. (sacando sua arma) Romero
pega a corda!
Anete – Você não tem escrúpulos!
Tomara que uma pedra enorme caia na sua cabeça.
Soraya – Igualmente!
CENA 5. SANTELMO. MINA ABANDONADA. DIA
Anete, Daniel e Sófia estão amarrados no chão.
Soraya – Pronto! Assim que eu achar
uma saída vocês estão perdidos.
Anete – Vai explodir a Mina?
Soraya – Não, Magina. Eu não faria
isso, vocês não merecem tanto. Essa Mina é super valiosa, dá ouro!
Daniel – Como assim? Pelo que eu sei
a Mina não dava mais ouro.
Soraya – Pois é, o seu pai Richard
teve ter tido um bom motivo pra mentir.
Sófia – E o que vocês vão fazer com o
Paul Júnior?
Soraya – Esse projeto de gente também
vai ficar né? Vem cá, você já ficou presa aqui e encontrou uma saída.
Sófia – Mais eu não lembro onde é. E
mesmo se lembrasse eu não falaria.
Soraya – Eu descubro sozinha.
CENA 6. FAZENDA DE ADMA. SALA. TARDE
Adma – É... Ela falou comigo também.
Eu não estranhei, sua mãe é assim mesmo. Aventureira.
Otávia – Pois é. Mais não é dela que
eu quero falar não. É da titia Cacilda.
Adma – Da Cacilda?
Otávia – Isso! Ela não anda batendo
muito bem da cabeça, eu to preocupada. Andou até falando mal do Padre.
Adma – Bom Otávia, você conhece a sua
tia mais do que eu. Ela é assim mesmo.
Otávia – Mais agora é caso sério
mesmo. Ela não tá bem. Até pediu emprego aí pra Veridiana, virou profissional.
Adma – Preocupante.
CENA 7. CASSINO. JOGATINA. NOITE
Cacilda, Absurd, Otávia e Adma estão sentados numa mesa.
O cassino está movimentado.
Absurd – Olha ele ali... Que pegou o
meu cargo na empresa. Maldito Arnaldo!
Cacilda – Ah, é ele? Otávia vamos
fazer o que a gente fez naquele dia com o padre?
Otávia – Vamos!
Cacilda e Otávia se levantam e vão até a mesa de
Arnaldo. Ele se levanta.
Cacilda – Arnaldo! Quanto tempo.
Parabéns pela contratação na empresa de invenções!
Cacilda abraça Arnaldo e começa a falar no seu ouvido.
Cacilda (baixo, no ouvido dele) – Eu
te vejo de longe e noto que você é um cara feliz, porque o que adianta ter
dinheiro se não é feliz? Veja por exemplo aquele cantor americano de música pop
Podre de rico e infeliz na vida. Ele fica adotando um monte de crianças da rua
e com certeza abusava deles e dizia que era feliz.
Cacilda pára de abraçá-lo.
Cacilda – Num é? Esse negócio de
catar criança na rua não tá colando mais.
Arnaldo – Pois é. Eu concordo com
você.
Cacilda – Deveria se assumir! Aquele
bando de segurança em volta não cola mais também, só vai ser feliz quando
assumir a verdadeira sexualidade. Tudo de fachada.
Arnaldo – Concordo.
Cacilda – Enfim... Parabéns aí tá!
Até mais!
Otávia – Parabéns!
Cacilda e Otávia voltam para a mesa. Arnaldo senta-se à
mesa com o seus amigos cientistas e seu chefe, eles estão chocados olhando para
ele.
Arnaldo – Que foi?
CENA 8. CASSINO. BANHEIRO MASCULINO. NOITE
Absurd e seu amigo Cientista estão conversando em frente
ao espelho.
Absurd – Sem ressentimentos pelo fato
de você ter votado no Arnaldo e não em mim na reunião.
Cientista – Ah, tudo bem!
Absurd – Na verdade isso de inventar
coisas é só um Hobbie. Na verdade meu nome é Patrick e eu sou herdeiro de um
grande multinacional da Europa que produze papel higiênico: Cagalhonios.
Conhece?
Cientista – Ahh, eu já ouvi falar!
Absurd – Pois é, a nossa empresa
gostaria de te convidar para um cargo importantíssimo. Na alta direção. Com um
salário 10 vezes maior que na sua atual empresa.
Cientista – Aceito!
Absurd – Só tem um problema. Você
precisa pedir demissão imediatamente da sua atual empresa para podermos fechar
contrato.
Cientista – Ok! Fechado! Eu vou
providenciar isso agora mesmo.
O cientista sai. Absurd ri.
CENA 9. SANTELMO. MINA ABANDONADA. NOITE
Bianca com Paul Júnior no colo e Romero estão dormindo.
Soraya está andando para os lados procurando uma saída. Anete tenta soltar suas
mãos discretamente, ela consegue. Anete discreta pega um pau no chão e corre
rapidamente até Soraya, que se assusta, e a dá uma paulada. Soraya desmaiada.
CENA 10. SEQUÊNCIA DE IMAGENS. NOITE/MANHÃ
Imagens de Santelmo junto com a passagem da Noite para a
Manhã.
CENA 11. FAZENDA DE BALDOC. SALA. MANHÃ
Anete entra.
Anete – Soraya mandou desocupar a
cidade, mandou avisar que quem não sair até meio-dia vai morrer.
Sófia – O que?
Anete – Pois é, muita gente já tá
indo embora. Ela tem reforços. Disse que vai fazer um massacre. Mais disse que
não vai passar pelas fazendas, ela só quer a cidade. Só pra ela!
Daniel – Eu vou pra cidade. Quem ela
pensa que é? Só vou dar uma passada na casa da minha mãe.
Anete – Eu também vou ficar e tentar
barrar ela. Muita gente tá ficando também. Não se atrase, quanto mais gente
lutando contra ela melhor.
Sófia – Eu também quero ir. O Paul
Júnior está com ela!
Anete – Desculpa Sófia, por não ter
conseguido pegar ele. É que a Bianca acordou com o barulho e eu não podia
tentar nada com ele no colo dela.
Sófia – Eu entendo.
CENA 12. SANTELMO. ESTRADA. DIA
Bianca está ao lado de Soraya com Paul Júnior.
Soraya – Fique com o bebê! Não faça
nada até segunda ordem.
Bianca – Tá bom!
Soraya vai até outra carruagem, ela sobe e vai embora.
CENA 13. SANTELMO. CIDADE. RUA. DIA
Henaide bate na porta do cassino irritada. Veridiana vai
até ela. Não tem ninguém na rua, a cidade está um deserto.
Henaide – Aonde esse povo se enfiou?
Veridiana – Sumiram... Eu to ligando
pro quarto da Elga e ela não atende. Também liguei pra recepção só que ninguém
atende.
Henaide – Eu vou achar esse povo de
qualquer jeito.
Veridiana – E eu vou junto!
Henaide e Veridiana se viram e se deparam com Soraya e seus
capangas andando em direção do cassino. Eles se chocam, música de suspense.
CENA 14. FAZENDA DE ADMA. SALA. DIA
Baldoc entra.
Baldoc – Olá!
Cacilda – Olá!
Baldoc – Eu vim saber se você e sua
mãe estão protegidas, né? Já que vai haver um massacre.
Cacilda – Estamos sim, aqui Soraya
não entra. A mamãe está na cozinha.
Baldoc – Ah, brigado!
Cacilda – De nada, papai.
Baldoc – Papai?
Cacilda – Oi?
Baldoc – Você me chamou de papai?
Cacilda – Oh! Papai... Magina! O
senhor ouviu errado. O senhor pode favor pode se dirigir a cozinha, eu já disse
que minha mãe está lá. Que coisa!
Baldoc – Ai ai.
Baldoc sai para a cozinha.
CENA 15. SANTELMO. CIDADE. RUA. DIA
A cidade está toda na frente do cassino, Anete na
frente. Barulho do povo conversando.
Soraya (GRITA) – Nem mais um dia!
Todos se calam.
Soraya – Vocês têm até amanhã pra
esvaziar a cidade.
Anete – Mas, Soraya...
Soraya – Pra você Dona Soraya. Aliás,
pra todo mundo! Não resolveram me desafiar, pois então! Vai todo mundo juntos e
unidos pro inferno!
Helena se aproxima de Soraya junto com polícias com lado
e um papel na mão.
Helena – A senhora está presa! No
nome da lei!
Soraya – Que lei? (puxa o papel da
mão dela e rasga). Essa cidade é minha!
Helena – E esse país é nosso! Prendam
essa mulher.
Soraya faz sinal para seus capangas. Eles atiram nos
dois polícias, Helena tenta sacar sua arma. Os capangas erram o tiro e atiram
no chão. Helena põe a mão na cintura para pegar a sua arma, os capangas a
atingem no peito. Ela cai no chão, ensangüentada.
Soraya – Amanhã ao meio-dia eu não
quero ver ninguém aqui! Amanhã ao meio-dia essa cidade será derrubada. Dêem uma
amostra pra eles para verem que eu não estou brincando.
Soraya vira-se rindo. Os capangas começam a atirar em
direção do povo. Todos correm desesperados. Os capangas atiram em Breno, que
põe a mão no peito e desmaia sobre uma poça d’água. Os capangas continuam
atirando, um filho chora sobre a mãe atingida no chão.
CENA 16. CASSINO. QUARTO DAS NAIDES. DIA
Henaide entra apressada e corre para o guarda-roupa para
fazer as malas.
Sunny – O que está acontecendo?
Henaide – A gente tem que sair daqui
agora, tá legal? Soraya tá matando todo mundo.
CENA 17. SANTELMO. CIDADE. RUA. DIA
Música triste. CAM anda pela cidade, mostrando várias pessoas
mortas no chão. Anete está baleada sentada na calçada. Daniel e Sófia chegam de
cavalos e se chocam com o que vêem. Eles descem e vão até Anete, Daniel abaixa
até ela.
Daniel – O quê que aconteceu aqui?
Anete... Você tá bem?
Anete (falando devagar, fraca) – A
Soraya.... vai fazer mesmo com quem tiver aqui amanhã.
Anete tira a estrelinha de Delegado de seu peito e
devagar coloca na mão de Daniel.
Anete (falando devagar, fraca) –
Toma.. faz... faz alguma coisa. Eu nunca fui Delegada... eu menti.
Daniel – Eu não to entendendo.
Anete (falando devagar, fraca) – Faz
alguma coisa por essa gente... Pega a Soraya!
Anete fecha os olhos, ela está morta.
Daniel – Não, Anete...
Daniel pega a estrelinha triste e olha pra ela. Ele
levanta e olha pra Sófia que também está triste, ela faz o sinal de sim com a
cabeça. Daniel põe a estrelinha no peito. Silêncio. CAM sobe mostrando a
cidade.
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