sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Medo da Verdade - Capítulo 5 - Velha Europa



Entrei. O avião só cabia duas pessoas, o piloto e um passageiro. Coloquei a proteção e o cinto de segurança, através do vidro vi um Romano contente e satisfeito acenando para mim. Ele conseguia ser gentil e engraçado quando queria, quando estava de mau-humor era capaz de fazer atrocidades que não gosto de pensar.
Em cinco horas chegamos. Não era um local no campo como na nossa partida era uma pista, semelhante a dos aeroportos, incluía luzes sinalizadoras e uma pessoa para auxiliar no pouso. Romano devia ter contatos na aeronáutica brasileira, ele era do mercado negro, mas isso não significava que ele iria deixar de ser um homem influente.
 O piloto pousou, eu saí do avião. Estava com muito sono, embora eu tenha dormido um pouco na viagem. Eram 16h, eu ainda tinha que pegar um carro e ir para a fronteira, estava á duas horas de lá, resolvi que chegar pela manhã, seria melhor e, além do mais, eu não iria chegar com olheiras que me deixava dez anos mais velha.
- Por favor, - me dirigi ao piloto – você conhece essa área?
- Não – respondeu com um ar de decepção -, mas o Dr. Romano me disse que lhe deu um mapa com o caminho para a fronteira.
 - Ele realmente me deu. – Iniciei e em seguida acrescentei: - Eu só queria saber onde fica o hotel mais próximo.
- Eu não posso lhe dar essa informação, - advertiu – mas eu conheço alguém que pode lhe ajudar.
- Quem? – Perguntei ansiosa.
 - O auxiliar de pouso. – disse e apontou para o home de feições jovens em uma cabine.
- Obrigada. – Agradeci e fui em direção á ele.
O rapaz estava ouvindo música. Era uma canção americana, não a reconheci. Desamarrei a presilha que prendia meus longos cabelos negros e me aproximei da cabine.
- Olá. – Eu cumprimentei com uma voz aveludada.
- Olá, - ele retribui e abaixou o som – em que posso ajudá-la?
- Eu queria saber onde fica o hotel mais próximo, para que eu possa pernoitar antes de partir amanhã bem cedo. – Expliquei.
- Bom, - começou. Sua voz não parecia a de um garoto, era grossa – tem um á dez minutos daqui, mas ele não está em boas condições nem é freqüentado por o melhor grupo de pessoas. Tem um á meia hora, que á bem confortável, porém fica no sentido oposto ao da sua viajem.
- Não há problema, eu vou para o que fica á meia hora. – Concluí e em seguida acrescentei: - Muito obrigada.
- De nada.                                                              
- Só mais uma coisa. – questionei – eu não quero importuná-lo, mas qual é o nome desse hotel?
- Velha Europa. – respondeu. E o nome parecia bem convidativo

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