CENA 1. FAZENDA de adma. sala. manhã
Otávia está com roupas de beata arrumando a mesa.
Otávia – Ai, titia... Será que o
Padre João tá na igreja ou será que ele tá na capital? Preciso muito me
confessar.
Cacilda – Andou pecando, Otávia?
Otávia – Não, não... magina. Coisa
boba do dia-a-dia mesmo.
Cacilda – Ah sim!
Absurd entra.
Cacilda – Oi Absurd, boa sorte! Hoje
é a reunião com a empresa de invenções lá na capital né?
Absurd – É... Cacilda vem cá. Eu
preciso falar com você.
Absurd puxa Cacilda pro canto.
Absurd – Bom... eu e você já somos
casados há mais de 20 anos.
Cacilda – Pois é, um longo
sacrifício.
Absurd – E nesses 20 anos eu nunca te
trai, nunca sequer toquei em outra mulher.
Cacilda – Duvido! E ainda se acha um
exemplo? Mesmo se fosse verdade é sua obrigação ser fiel.
Absurd – Bom... eu confesso que
sempre fui mais casado com a ciência do que com você.
Cacilda – E eu? Muito mais com Deus
meu filho! Aonde você quer chegar hein, essa conversar fiada sei não. Não tá
querendo falar de novo daquelas experiências sexuais?
Absurd – Não, eu te respeito Cacilda.
Eu sei que você é uma beata respeitada e que foi um pecado aquela experiência
que te deixou grávida. Por isso, eu vim pedi a sua permissão moral pra acionar
Elga.
Música instrumental tema de Cacilda. Ela se choca e cai
no sofá perplexa.
Cacilda – Acionar Elga? Mais o que é
isso? Você ouviu Otávia? Ele quer acionar a rameira. Que absurdo! Que blasfêmia!
Eu nunca fui tão ofendida em toda a minha vida. Você ouviu isso, Otávia? Você
vai arder no inferno Absurd. Vamos Otávia, eu preciso rezar pro São Pecritim
salvar a alma desse senhor.
Cacilda vai até Otávia.
Otávia – Que vergonha, titio!
Cacilda – Vamos, Otávia!
Cacilda e Otávia saem para o quarto de Cacilda.
CENA 2. DELEGACIA. SALA DE ANETE. MANHÃ
Zorroh – Como foi?
Anete – Eu desci do salto. Bati na
Soraya, mais ela mereceu! Desisto dela. Ela ainda pagará pelos seus pecados. É
bom que fique bem longe daqui. E você Zorroh, fazendo bem o serviço?
Zorroh – Estou. Eu sei que eu irei
ficar aqui por apenas 1 ano e meio prestando serviços por fugir da Polícia.
Mais eu to gostando! Quero ficar mais.
Anete – Tá bom. Pode trabalhar aqui.
Só não pode ficar prendendo todo mundo pela cidade com a Dona Zorrah.
Zorroh – Passado...
cena 3. fazenda de adma. sala. dia
Cacilda e Otávia entram com uma panela soltando fumaça e
cantando.
Cacilda (cantando) – Vá de retro
Satãn... Vá de Retro Santãn... Vá de retro Santãn... Vá de Retro Santa!
Adma entra se abanando na fumaça.
Adma – Mais o que é isso, minha
filha?
Cacilda – Eu e a Otávia estamos
tirando o mal da casa mamãe. A senhora não sabe o que o Absurd me disse hoje,
parecia que tava incorporado.
Adma – Dá licença, eu vou matar uma
galinha pro almoço. Ah e, por favor, desliga isso aí que eu já sou uma senhora
de idade e to começando a ficar sem ar.
Adma sai.
Otávia – Vamos desligar, titia?
Cacilda – Não Otávia, você não está
vendo que o mal está usando todos dessa casa pra nos impedir? Vamos
continuar... (cantando) Vá de retro Santãn!
CENA 4. SANTELMO. CASSINO. JOGATINA. DIA
Absurd está sentando numa mesa esperando chegar a hora
da reunião. Dona Zorrah desce as escadas acompanhada das Naides. Absurd se
choca e vai até ela.
Absurd – Não acredito.
Dona Zorrah – Oi?
Absurd – Leona Lake! Sou eu! Absurd!
Não lembra?
CENA 5. NOVA SERRA. DELEGACIA. SALA DE VISITAS. DIA
Soraya está sentada numa cadeira em frente há uma mesa.
Bianca entra algemada e vai até ela.
Bianca – O que você tá fazendo aqui?
Soraya – Bom, eu tenho uma proposta a
te fazer.
Bianca – Proposta? Deixa de ser sonsa
garota. Eu fui presa por sua culpa. O que você falou no tribunal não tem
sentido.
Soraya – Enfim... como o Juiz negou o
pedido de te soltar e me prender.
Bianca – Então foi você?
Soraya – Isso não vêm ao caso. Bom,
se você aceitar a ajudar a acabar com todos de Santelmo eu retiro a queixa e
você vai ser solta.
Bianca – Sério? Não sei não. Essa
história tá muito mal contada.
Soraya – Sério mesmo. Topa? Eu quero
acabar com todos. Principalmente com a Anete.
Bianca – Tá bom! Eu topo!
Bianca e Soraya se cumprimentam.
CENA 6. SANTELMO. CASSINO. JOGATINA. DIA
Absurd – Eu era fã da senhora, da
época do teatro. A gente até teve um pequeno namorico?
Dona Zorrah – Não acredito, Absurd
Boy?
Absurd – Eu mesmo. Agora Absurd Lain.
Dona Zorrah – Velhos tempos da época
que eu era estrela do teatro. Bom, eu não sou mais Leona Lake né? Me aposentei.
Me nome agora é Zorrah. Absurd, eu preciso te fazer uma grande revelação!
Absurd – Qual?
Dona Zorrah – Eu me aposentei porque
eu já tava um pouco ultrapassada da idade e não ganhava mais papéis de mocinha
e resolvi parar no auge. E também por outro motivo, eu fiquei grávida! De você.
Absurd e as Naides que estão ouvindo ao lado se chocam.
Dona Zorrah – É isso mesmo! Zorroh é
seu filho!
CENA 7. SANTELMO. CISTERNA DE ÁGUA. CAIXA D’ÁGUA. DIA
Otávia e Cacilda estão ao lado da caixa d’água. Cacilda
com um remédio na mão.
Otávia – O que viemos fazer aqui,
titia?
Cacilda – Bom, eu estou aqui com o
desestimulante sexual Broxonito inventado por Absurd e comercializado na
capital misturado com o Boa noite, Cinderela! Também de Absurd que ele acabou
de lançar.
Otávia – Sim, titia, mais o que a
gente vai fazer com...? Ahhh, não me diga que...
Cacilda – (RISOS). Espertinha, puxou
a tia. Isso mesmo, vamos colocar na caixa d’água.
Otávia – Mais não podemos fazer isso
titia. Toda a água de Santelmo sai dessa cisterna.
Cacilda – Mais essa é a intenção,
Otávia. Uma noite de santidade em Santelmo! Hoje ninguém prevarica! (RISOS).
Vou pedir que o Absurd continue produzindo isso. Faremos isso duas vezes por
semana.
Otávia – Mais assim a população de
Santelmo não vai mais se reproduzir.
Cacilda – Ótimo! Logo logo seremos
uma saudável comunidade de velhinhos.
Otávia – Comunidade de velhinhos?
Cacilda – É. A juventude é a fase da
vida em que o ser humano mais peca!
Cacilda joga o remédio na água e começa a ri colocando a
mão na boca. Otávia olha pros lados.
Otávia – Vamos embora titia, antes
que sejamos vistas.
Cacilda e Otávia saem.
cena 8. santelmo. cassino. jogatina. dia
Adma – Pára de ser bobo, Absurd! Você
não tá vendo que essa mulher tá te enrolando pra arrumar um pai pro filho dela?
Absurd – Não, minha sogra. Eu to
sentindo, Zorroh é meu filho.
Adma – Era só o que faltava.
Zorroh entra.
Dona Zorrah – Ele chegou!
Absurd abraça Zorroh. Denaide começa a chorar limpando
suas lágrimas com um lenço.
Henaide – Que reencontro emocionante!
Denaide tá emocionada.
Absurd – Eu não acredito que não vi
Zorroh crescer, o meu filho.
Dona Zorrah – Ele era uma gracinha
quando criança. Adorava brincar de espada na casa dos amiguinhos.
Henaide e Denaide (ambas) –
Huuuuuuuuuum!
Adma – Quantos anos Zorroh têm?
Dona Zorrah – 45, por quê?
Adma – Há quantos anos você conheceu
a Zorrah, Absurd?
Absurd – Ih! É verdade. Há 25 anos
antes da Cacilda, a gente até enfrentou preconceito porque ela é mais velha que
eu.
Dona Zorrah – Eu sou apenas um pouco
mais velha que a Dona Adma.
Adma – Ai ai.
Absurd – Então Zorroh não é meu
filho?
Adma – Eu falei!
Absurd – É muita emoção. Uma hora eu
descubro que Zorroh é meu filho e outra que ele não é. Henaide, me trás uma
água!
Henaide – Ih! Não vai dar. Estamos
com problemas na distribuição de água na cidade. Alguém fechou a cisterna, irei
ver se já voltou.
Absurd – Não precisa mais, estou de
saída. Irei pra uma reunião importantíssima que definirá o meu futuro. Até
mais!
Adma – Boa sorte!
Absurd sai.
cena 9. sequência de imagens. dia/noite
Imagens de Santelmo com passagem do tempo do Dia para a
Noite.
cena 10. fazenda de baldoc. cozinha. noite
Sófia – Bell, fez o que eu pedi?
Bell – Fiz! Uma moça veio procurar
emprego, ela é cozinheira e enfermeira.
Sófia – Ah que bom! Isso que dá ficar
correndo nesse pasto debaixo de sol e de chuva. Papai só podia acabar doente.
Bell – Pois é, depois que a Bezerra
foi embora então. A gente tem que fazer de tudo já que não tem ela mais pra
fazer. Mais agora tá tudo certo! Eu contratei a cozinheira e enfermaria que
ainda tem uma assistente. Ai! É tão cedo e já tá me dando um sono!
Sófia – Em mim também. Bebi água e to
quase caindo. Acho que vou dormir.
CENA 11. CASSINO. QUARTO DE SHENG E ELGA. NOITE
Sheng – Elga, vem cá! Eu quero que
você faça aquele negócio que você sabe fazer com a boca de novo.
Elga – Tá bom!
Sheng bebe um copo de água que está ao seu lado numa
mesinha. Elga vai até ele, Sheng cai duro dormindo na cama.
Elga – Desabou! Eu hein...
Alguém bate na porta, Elga abre. É Billy!
Elga – Billy, o que você tá fazendo
aqui?
Billy – Posso falar com você?
CENA 12. FAZENDA DE ADMA. SALA. NOITE
Adma – Absurd ligou avisando que não
é pra esperar ele, adiaram a reunião e ele já num hotel lá em Nova Serra.
Cacilda – Ok! Bom, hora de dormir né
gente?
Adma – Ué, é cedo ainda.
Cacilda – Não, mamãe, vai dormir.
Amanhã a senhora vai um longo dia e eu a Otávia precisamos ir na cidade
conferir se o plano seu certo. Ops... digo.
Adma – Oi? Tá bom eu vou dormir.
Arlette – Eu também vou. Boa noite
Cacilda, Boa noite filha!
Cacilda – Eu quero que as duas sonhem
com os anjos. Inclusive, se tiverem problemas com insônia é só falar comigo que
eu tenho um remédio ótimo... digo. Boa noite!
Adma e Arlette saem.
Otávia – Pronto, titia! Agora vamos
lá na cidade ver se o plano deu certo.
Cacilda – Deu sim, Otávia. Essa noite
ninguém prevarica (RISOS).
Otávia e Cacilda saem devagar e fecham a porta
lentamente pra ninguém acorda.
CENA 13. FAZENDA DE BALDOC. QUARTO DE BALDOC. NOITE
CAM mostra uma mão mexendo o copo de água de Baldoc com
uma colher, ela pega um comprimido e coloca nele. CAM mostra os pés da pessoa
caminhando até Baldoc e a pessoa de costa o entregando o copo.
Baldoc – Muito Obrigado!
A pessoa vira-se. É Soraya, vestida de enfermeira.
Música de Suspense. Ela caminha até o fim do quarto onde Bianca está com os
mesmos trajes.
Bianca – Tudo certo?
Soraya – Claro, troquei o remédio.
Baldoc desmaia na cama, com o copo na mão. Bianca e
Soraya comemoram.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
sem palavrões, por favor!