quarta-feira, 4 de abril de 2012

Medo da Verdade - Capítulo 33 - A prece de Culpa [Últimos Capítulos]



Uma hora se passou. E avistei Nicolas e Theodoro entrando na emergência. Abracei Nick, Théo foi direto para a recepção para pedir informações a respeito de seu pai.
- Mãe, ele está bem? O que houve? – Nicolas perguntou curiosamente.
- É eu também gostaria de saber tudo o que está acontecendo. Começando no que vocês estavam fazendo juntos, fora da festa. – Theodoro ordenou com um olhar severo e eu não gostei nada da sua expressão facial.
- Theodoro eu sei que você está muito abalado com o que está acontecendo, mas isso não é motivo para você expressar essa raiva com todas as pessoas que vem a sua frente. – Tentei parecer o mais persuasiva possível.
- Me desculpe. Agora, por favor, me conte TUDO o que aconteceu. – Se redimiu.
- Aconteceu o seguinte: - Eu iniciei. – Há quarenta e dois anos atrás eu e seu pai tivemos um romance. Esta noite, quando nos reencontramos ele pediu para voltar comigo, eu reneguei, disse que a idade já não me permitia isso. Então ele conversou Nicolas e Nicolas conversou comigo, só assim eu entendi que deveria ser feliz.
“Então fui atrás dele, mas vi que ele havia entrado em um táxi. Eu peguei outro táxi e o segui até copacabana, quando cheguei perto dele e percebi que ele não estava respirando trouxe-o direto para aqui. Enfim, foi uma sorte eu ter estado lá.”
- Meu Deus, Dona Estela. – Theodoro se espantou – Muito obrigado.
- Disponha querido. – Falei em tom doce. – Agora me dêem licença que eu vou ao santuário do hospital.
- Mãe, eu vou com você. – Nicolas se ofereceu.
- Não, depois conversaremos. – Eu o adverti. – Theodoro precisa de alguém nesse momento.
Segui para o santuário. Ao adentrar o espaço percebi que ele estava vazio, melhor assim. Ajoelhei-me a estatua de Nossa Senhora de Fátima, me ajoelhei e comecei a prece:
“Nossa Senhora, sei que nunca fui a pessoa mais crente em Deus e em ti no mundo, mas eu sei que a vós sabeis que nunca duvidei de vossa existência. Eu pequei muito na minha vida, e o Marcio também, no entanto eu imploro que não deixe que Marcio parta, nem que tenha que tocar minha vida sem a dele.”
“Javé, meu coração não é ambicioso, nem meus olhos altaneiros. Não ando atrás de grandezas, nem de maravilhas que me ultrapassam. Não! Eu fiz calar e repousar meus desejos, como criança desmamada no colo da mãe. Israel coloque a esperança em Javé, desde agora e para sempre.” Salmo 131
Sempre que eu me sentia culpada por algo, eu rezada aquele salmo. Eu o aprendi quando fui a uma celebração na Catedral de Notre-Dame de Chatres, na frança. Foi na minha lua de mel. Eu casei em Roma, mas minhas núpcias foram em diversos lugares da Europa. Toda vez que eu ia à Europa eu observava as Catedrais e a mais bonita que achei foi A Abadia de Sant-Pierre, em Mossaic. Eu sou uma admiradora da Arte e em meus 74 anos de vida, não encontrei arte mais bonita que a Românica.
Saí do santuário e voltei para a sala de espera onde Nicolas e Theodoro estavam conversando. Aproximei-me deles.
- Mãe, você já está cansada? – Nick quis saber.
- Não, meu bem. Ficarei aqui até o médico nos posicionar sobre o caso de Marcio. E você Théo, como está? – Perguntei avidamente.
- Só estou um pouco preocupado. Meu pai fumou durante vinte anos e o médico disse que esse período foi muito prejudicial a sua saúde, pois ocorreu na sua passagem para a terceira idade. E quando a senhora disse que ele não estava respirando eu fiquei muito nervoso. – Theodoro respondeu.
- Se nós tivermos fé, esse problema será superado. – Tentei tranqüilizá-lo.
- Acho que vou tomar um café. Estou muito cansado. - Theodoro anunciou.
- Vá mesmo, querido. Eu acho que os médicos só poderão nos dar um diagnostico pela manhã. - Encorajei.
Theodoro foi saindo da emergência e o silencio entre mim e Nicolas permaneceu até que Théo desaparecesse de vista, Até que eu quebrei o silencio.
- O que você queria conversar comigo?
- Eu só queria saber o que de fato aconteceu. – Nick respondeu.
- Eu falei a verdade para Théo. Só ocultei detalhes que você já tem conhecimento. – Afirmei.

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