Uma hora se passou. E avistei
Nicolas e Theodoro entrando na emergência. Abracei Nick, Théo foi direto para a
recepção para pedir informações a respeito de seu pai.
- Mãe, ele está bem? O que houve?
– Nicolas perguntou curiosamente.
- É eu também gostaria de saber
tudo o que está acontecendo. Começando no que vocês estavam fazendo juntos,
fora da festa. – Theodoro ordenou com um olhar severo e eu não gostei nada da
sua expressão facial.
- Theodoro eu sei que você está
muito abalado com o que está acontecendo, mas isso não é motivo para você
expressar essa raiva com todas as pessoas que vem a sua frente. – Tentei parecer
o mais persuasiva possível.
- Me desculpe. Agora, por favor,
me conte TUDO o que aconteceu. – Se redimiu.
- Aconteceu o seguinte: - Eu
iniciei. – Há quarenta e dois anos atrás eu e seu pai tivemos um romance. Esta
noite, quando nos reencontramos ele pediu para voltar comigo, eu reneguei,
disse que a idade já não me permitia isso. Então ele conversou Nicolas e
Nicolas conversou comigo, só assim eu entendi que deveria ser feliz.
“Então fui atrás dele, mas vi que
ele havia entrado em um táxi. Eu peguei outro táxi e o segui até copacabana,
quando cheguei perto dele e percebi que ele não estava respirando trouxe-o
direto para aqui. Enfim, foi uma sorte eu ter estado lá.”
- Meu Deus, Dona Estela. –
Theodoro se espantou – Muito obrigado.
- Disponha querido. – Falei em
tom doce. – Agora me dêem licença que eu vou ao santuário do hospital.
- Mãe, eu vou com você. – Nicolas
se ofereceu.
- Não, depois conversaremos. – Eu
o adverti. – Theodoro precisa de alguém nesse momento.
Segui para o santuário. Ao
adentrar o espaço percebi que ele estava vazio, melhor assim. Ajoelhei-me a
estatua de Nossa Senhora de Fátima, me ajoelhei e comecei a prece:
“Nossa
Senhora, sei que nunca fui a pessoa mais crente em Deus e em ti no mundo, mas
eu sei que a vós sabeis que nunca duvidei de vossa existência. Eu pequei muito
na minha vida, e o Marcio também, no entanto eu imploro que não deixe que Marcio
parta, nem que tenha que tocar minha vida sem a dele.”
“Javé,
meu coração não é ambicioso, nem meus olhos altaneiros. Não ando atrás de
grandezas, nem de maravilhas que me ultrapassam. Não! Eu fiz calar e repousar
meus desejos, como criança desmamada no colo da mãe. Israel coloque a esperança
em Javé, desde agora e para sempre.” Salmo 131
Sempre que eu me sentia culpada
por algo, eu rezada aquele salmo. Eu o aprendi quando fui a uma celebração na
Catedral de Notre-Dame de Chatres, na frança. Foi na minha lua de mel. Eu casei
em Roma, mas minhas núpcias foram em diversos lugares da Europa. Toda vez que
eu ia à Europa eu observava as Catedrais e a mais bonita que achei foi A Abadia
de Sant-Pierre, em Mossaic. Eu sou uma admiradora da Arte e em meus 74 anos de
vida, não encontrei arte mais bonita que a Românica.
Saí do santuário e voltei para a
sala de espera onde Nicolas e Theodoro estavam conversando. Aproximei-me deles.
- Mãe, você já está cansada? –
Nick quis saber.
- Não, meu bem. Ficarei aqui até
o médico nos posicionar sobre o caso de Marcio. E você Théo, como está? –
Perguntei avidamente.
- Só estou um pouco preocupado.
Meu pai fumou durante vinte anos e o médico disse que esse período foi muito
prejudicial a sua saúde, pois ocorreu na sua passagem para a terceira idade. E
quando a senhora disse que ele não estava respirando eu fiquei muito nervoso. –
Theodoro respondeu.
- Se nós tivermos fé, esse
problema será superado. – Tentei tranqüilizá-lo.
- Acho que vou tomar um café.
Estou muito cansado. - Theodoro anunciou.
- Vá mesmo, querido. Eu acho que
os médicos só poderão nos dar um diagnostico pela manhã. - Encorajei.
Theodoro foi saindo da emergência
e o silencio entre mim e Nicolas permaneceu até que Théo desaparecesse de
vista, Até que eu quebrei o silencio.
- O que você queria conversar
comigo?
- Eu só queria saber o que de
fato aconteceu. – Nick respondeu.
- Eu falei a verdade
para Théo. Só ocultei detalhes que você já tem conhecimento. – Afirmei.
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