sexta-feira, 6 de abril de 2012

Medo da Verdade - Capítulo 35 - Recuperação e epílogo [Último Capítulo]




- NÃO. – Gritei aos prantos. – NÃO MARCIO.
A enfermeira conseguiu me tirar da Unidade e me convidou a sentar em uma cadeira e me ofereceu um copo de água com açúcar.
- Por favor, - chamei-a. – Como ele está?
- Senhora, eu não posso dar nenhuma informação no momento. Mas aguarde na sala de espera que o Dr. Feitosa irá falar com você. – Respondeu educadamente fazendo pausas regulares.
Dito isso voltei a recepção e comuniquei a Theodoro sobre o apito disparado e a minha saída forçada. Isso só o afligiu ainda mais.
Mais tarde naquele dia, o médico apareceu para falar conosco e eu fui a primeira a avistá-lo.
- Doutor. – Falei calorosamente. – O que houve? Como ele está?
- Calma senhora. – Ele me tranqüilizou. – Naquele momento ele teve uma queda de batimentos que já foi regulada, nada demais, porém ele tem que ficar em observação.
- Ah... – Suspirei aliviada.
- Graças a Deus. – Theodoro agradeceu.
- Bom, acho melhor vocês irem para suas casas. Não tardará a anoitecer. – O Doutor disse e saiu.
A semana passou muito devagar e as noticias de que Marcio estava melhorando vieram consecutivamente. Na quarta-feira ele já estava na sala amarela e não mais desacordado.
Theodoro visitou-o e disse que ele já estava bem melhor, segundo os médicos logo ele receberia alta e no dia em que fui visitá-lo, ele parecia muito bem.
- Oi, Marcio. – Tímida, eu o cumprimentei assim que entrei no quarto.
- Estela? É você mesma? – Custou a acreditar.
- Sim, Marcio sou eu. – Confirmei. – Eu que te trouxe aqui naquele dia na praia. Eu te segui, porque Nicolas conversou comigo e eu queria muito falar contigo.
- Então Nicolas conversou com você? – Duvidou.
- Sim, ele me contou que vocês tinham conversado e disse que me perdoava que não havia motivo para nós não ficarmos juntos, e quando te segui até aquela praia e vi que você não respirava, eu me desesperei. – Contei.
- Um anjo do céu te trouxe pra mim. – Concluiu.
- Bobo, eu sou o seu anjo do céu. – Afirmei. – E é por isso, que não quero mais passar nem um segundo longe de você. Eu quero ser parte de você, quero fazer parte da sua rotina.
- Estela, você quer casar comigo? – Pediu.
- Casar? Não. Já estamos muito velhos para isso, mas se quiser nós podemos viver juntos. Uma aliança no dedo não fará diferença. – Respondi.
- Então você vai para Petrolina comigo, quando eu me recuperar? – Perguntou.
- Sim. Lá deve ser um lugar lindo. – Aceitei.
- E é. Eu moro em uma chácara, as margens do Rio São Francisco. – Falou eufórico.
- Que interessante! – Exclamei ansiosa. – Me conta mais como é lá.
- Bem, lá é muito quente, com se espera do nordeste, mas o povo é simpático, tem shopping, é na fronteira com a Bahia e está se desenvolvendo.
- E as igrejas de lá, com são?
- Há uma catedral em estilo neogótico, muito bonita. - Respondeu.
- Estou me sentido uma adolescente de tão ansiosa. - Desabafei.
Dois meses depois, Marcio recebeu alta e fez as primeiras sessões de quimioterapia, ele já havia voltado ao normal e nós pegamos um avião para o Vale do São Francisco com Théo, enquanto Nicolas e Helena ficaram no Rio de Janeiro.





Três anos depois

Domingo, aniversário de Estela. Almoço ao ar livre, Nicolas, Helena, Joaquim, Marcos e Renato vieram comemorar com Estela, Marcio, Theodoro e Eduarda – a recém esposa de Théo. Estela insistiu um almoço simples e eles acabaram indo para o Bododromo, o maior complexo de bode assado da América do Sul. Pediram carneiro, arroz, feijão, macaxeira, vinagrete e macarrão. De longe, uma família simples.
Marcio levantou e estendeu sua taça de vinho branco.
- Eu proponho um brinde. – Anunciou. – A mulher maravilhosa que me ensinou o que é amar. Que é uma parte de mim, parte a qual eu não consigo viver sem, tão vital quanto meu coração.
Estela ficou vermelha e intimidada, por que todos olhavam para ela.
- E eu estendo esse brinde – proclamou Nicolas – à mãe maravilhosa que me sustentou desde os quinze anos de idade, sozinha. Que trabalhou e me educou com princípios.
- Parem gente. Assim vocês me encabulam. – A homenageada manifestou-se.
- UM BRINDE! – Helena completou.
E todos ergueram suas taças, com exceção de Joaquim e Eduarda que ergueram seus copos de refrigerantes.
- Eu queria aproveitar a ocasião de intensa alegria para dar um noticia. – Eduarda disse e se levantou. – Théo, eu estou esperando um filho seu.
- Meu amor, que noticia maravilhosa! – Theodoro contemplou e beijou-lhe os lábios.
- Eu já sabia. – Disse Estela.
- Como, se eu não contei a ninguém? – Duda quis saber.
- Nenhuma mulher recusaria um bom vinho, sem ter um ótimo motivo. – Ela respondeu.
- A senhora é uma comédia, Dona Estela. – Eduarda rio.
- Que bom que a nossa família, só faz crescer. – Acrescentou Nick. – Parabéns Théo e Eduarda pelo vosso filho.
- Portanto, eu proponho mais um brinde, desta vez ao nosso novo herdeiro. – Marcio propôs.
- Ou herdeira. – Estela adverte.
- Não importa, mas que venha com saúde. – Renato pôs fim.
Assim terminou um casual almoço em família. Todos rindo a toa, e mais tarde naquela noite eles foram apreciar um forró pé de serra na Arena local.

ACONTECIMENTOS FINAIS

Aos 45 anos, Nicolas foi para a Irlanda passar férias e conheceu May, uma britânica encantadora de 34 anos, pela qual se apaixonou e posteriormente se casou.
Helena e Marcos tiveram mais um filho, o nome dele é Rodrigo.
De Eduarda, nasceu uma linda menininha que Theodoro insistiu em chamar de Estela. Estelinha, como eles a apelidavam nasceu gaga, mas foi se tratando em um fonoaudiólogo e anos depois se curou.
Marcio faleceu quatro anos após o aniversário de Estela. Em seu leito de morte, provou mais uma vez seu amor por ela.
Com a morte de Marcio, Estela retornou para o Rio de Janeiro e aos 90 anos de idade, teve um infarto e faleceu a caminho do hospital.

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