quarta-feira, 7 de março de 2012

Medo da Verdade - Capítulo 13 - Mais um pedido




Os primeiros raios de sol daquela manhã atravessaram as janelas, acompanhados do canto de um galo. Aquilo havia despertado meus sentidos, mas ainda não estava pronta para acordar e fiquei deitada na cama, imobilizada. Foi então que senti alguém ao meu lado se mexer e depois se levantar e bocejar. Ouvi os estalos de seus ossos ao se alongar. Então lembrei que não havia o matado. Foi uma fraqueza minha, o motivo? Ele era muito bom de cama, só isso.
Depois de me assegurar que não havia mais ninguém no quarto eu acordei. Fui ao carro, peguei algumas roupas e depois fui ao banheiro tomar banho. Quando fui á cozinha vi que não tinha café da manhã, talvez ele não gostasse daquela refeição, porém lembrei que nas fazendas, antes do café da manhã, os fazendeiros iam ordenhar as vacas para obter leite.
Vi que a dispensa não era carente e resolvi fazer um pão caseiro enquanto a água do café não fervia. Quando o Marcio chegou, eu estava colocando um bolo para assar.
- Estragou minha surpresa. – Disse assim que percebi sua presença.
- Desculpa. – Sua voz era de cansaço.
- Não tem nada, eu só queria retribuir sua gentileza de me deixar pernoitar aqui. – Expliquei.
- Não precisava. Minhas refeições são bem simples. Eu não cozinho muito bem.
Nós rimos. Eu sentia que nós tínhamos, de alguma forma, uma sintonia. Quando os risos cessaram olhei-o dentro de seus olhos. Balancei a cabeça para tirar aqueles pensamentos de mim e lembrei que ele era caça e eu a caçadora.
- Então – comecei. – você quer esperar o bolo assar para tomar o café?
- Não, não precisa. – respondeu e acrescentou: - Hoje é dia de colheita, então é bem provável que eu passe o dia inteiro na lavoura.
- O que você planta? – Perguntei curiosa.
- Eu planto soja.
- Uma atividade bem produtiva. E para onde você exporta?
- Para o Centro-oeste.
-Hmm – falei tímida – eu posso te fazer só mais um pedido?
- Claro.
 - Posso passar mais uma noite aqui? É que eu ainda me sinto muito cansada. Estou viajando há sete dias e não agüento mais ficar sentada no banco de um carro.
- Pode ficar o tempo que quiser.
- Ah, muito obrigado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

sem palavrões, por favor!